0800-600-9595
(44) 3025-9595
Presidente da ACIM participará de missão à China
Contratar e reter, os dilemas de quase todas empresas
“Me preparei para estar na cadeira que ocupo hoje”
Central Imob: valorização e ética no mercado imobiliário
Aos 70 anos, ACIM renova marca
As transformações do varejo
Porta para o empreendedorismo
Testado, aprovado e com mais chances de sucesso
Pequenos malls: conveniência e convivência

Em residenciais e centros comerciais, mix de lojas de fluxo livre é bom negócio para investidores e “mão na roda” para público Cabem em qualquer tipo de empreendimento e são pontos de encontro e de compras para visitantes, moradores, funcionários de empresas que os abrigam e do entorno. Estes são os strip malls ou open malls, que podem ter disposições diferentes, mas que, na prática, são pequenos shoppings com o objetivo de promover a convivência e de agilizar a vida das pessoas.  Em Maringá, o BE Garden, empreendimento de studios de alto padrão com 264 unidades e expectativa de abrigar 500 pessoas, terá na parte frontal um centro de comércios para facilitar as necessidades do dia a dia – além das já existentes no prédio, como as “extensões” das moradias, com piscina na cobertura, academia, lavanderia e paisagismo.  A intenção é que o centro de lojas possua restaurante, cafeteria, salão de beleza, clínica para pets, farmácia e pequenos mercados, entre outros. Estão abertas parcerias para 18 comércios na parte térrea, além de cinco salas (conjuntos) e, na parte superior, restaurantes, num total de 2 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL). “A ideia é que não apenas os moradores, mas a região use o espaço. Será um novo organismo que não tem barreiras, aberto para que qualquer pessoa possa transitar e consumir. O mall oferecerá sombra para o trânsito de pedestres, que poderão evitar uma volta à quadra para alcançar o outro lado do espaço. Esse movimento será mais um recurso de segurança”, conta Evandro Rodrigues da Silva, CEO da BE A Moradia do Futuro, que é a incorporadora do BE Garden.  Além da concentração de pessoas, outra vantagem para quem ocupar os espaços será aproveitar as certificações conferidas ao empreendimento, a exemplo da WELL nível Ouro, concedida por uma das principais certificadoras de qualidade de vida e de bem-estar, a International WELL Building Institute – dentro do residencial, a cada 30 metros haverá pontos para tomar água, 10% a mais de espaço comum em relação a empreendimentos de porte parecido, renovação de ar dentro das unidades a cada 13 minutos e a cada 18 minutos nas áreas comuns, entre outros atributos.  Apelo aos investidores imobiliários, o mall foi projetado para o empreendimento de olho não só nos moradores, mas em inquilinos de locação rápida, como estudantes, turistas de negócios e pessoas que vêm a Maringá para tratamento de saúde. E tudo, incluindo as fachadas das lojas, está em consonância com o entorno do residencial. Com 30% da obra realizada, a entrega está prevista para o início de 2026.  Complexo de saúde Outro open mall que passará a integrar a vida urbana e facilitada em Maringá ficará no Unique Medical Center, na avenida Joaquim Duarte Moleirinho. O prédio de 30 andares terá 237 consultórios de alto padrão, quase todos negociados, hospital moderno de alta complexidade, centro de diagnóstico e laboratórios, além de 20 lojas, três quiosques e dois subsolos de estacionamento, favorecendo e agilizando o atendimento aos pacientes, familiares, profissionais que trabalharão no local e quem mais transitar por lá. No empreendimento, inspirado em modelos de São Paulo e Rio de Janeiro, as lojas ficarão nas duas pontas: uma parte na área de consultórios, que deve começar a operar neste semestre, e a outra no hospital, previsto para dois ou três anos. “Na torre dos consultórios, as lojas estão sendo negociadas. Bastará a montagem de acabamentos, de móveis e outros detalhes para que possam começar a atender”, diz o sócio e diretor-técnico médico do complexo de saúde, Antônio Fiel Cruz Júnior.  Entre os nichos que deverão ser contemplados estão chocolaterias, docerias, fast-foods, self-services, farmácias convencionais e de manipulação, floricultura, operadora de celular, caixas 24 horas, salão de beleza, sorveterias, copiadoras e impressões rápidas, cosméticos etc. A ABL é de 2 mil metros quadrados. “A expectativa é boa. Temos recebido muita procura de empreendedores para essas lojas.”  A parceria com a operadora do estacionamento, que terá 600 vagas nos dois andares subterrâneos, já está fechada. Além do mall, o empreendimento conta com três andares que ligam o prédio dos consultórios ao futuro hospital, onde há a possibilidade de funcionar, além de laboratório de análises clínicas e centro de diagnósticos por imagem, uma academia ou centro de reabilitação. Mão na roda Segundo a consultora em varejo Cláudia Michiura, os conceitos mais conhecidos de pequenos malls vêm dos Estados Unidos, onde milhares de empreendimentos contam com faixas de lojas em áreas abertas, justificando os termos strip malls e open malls. São pontos de encontro para moradores, visitantes e funcionários das empresas da zona primária, com o objetivo maior de ser espaço de conveniência, onde há produtos e serviços que são uma “mão na roda” para as pessoas. Os strip malls podem ser no térreo de empreendimentos comerciais, residenciais ou construídos independentes de torres anexas em terrenos no centro de bairros. Normalmente, possuem em torno de 2,5 mil metros quadrados de ABL projetados para fazer a integração da comunidade local e das zonas primárias e secundárias. “A praticidade é a maior vantagem, porque o consumidor consegue realizar suas atividades sem precisar se deslocar. É uma tendência forte fazermos nossas compras em locais próximos de casa, isto é, a vida em e na comunidade. Por este motivo, o principal critério para o projeto de strip mall é a localização.” Segundo Cláudia, como são considerados centros de convivência e de conveniência, o ideal é que o mix de lojas seja, em maior proporção, de serviços e de alimentação. Além disso, a complementaridade entre as lojas é essencial, ajudando a criar sinergia e a estimular a interação entre os visitantes. Nesse sentido, o motivo central da procura por consultoria geralmente é a definição do tenant mix (mix de locatários). A etapa que precede essa estratégia inclui definir o perfil do consumidor, quem vai morar, quem vai circular, a densidade e o perfil da população que desfrutará do espaço. Por fim, vem o projeto arquitetônico.   “No Brasil, esse modelo se desenvolveu e cresceu após a pandemia, com mais consumidores buscando facilidade nas compras, serviços e espaços abertos e menores. São altamente lucrativos para os empreendedores por terem custo de construção menor. O strip mall atende a uma demanda de consumo localmente, quando as pessoas não precisam se deslocar de carro ou, se necessário, que seja próximo”, comenta a consultora. Ela acrescenta que para os lojistas, entre as vantagens estão o custo total de ocupação, mais alto que em um ponto de rua, mas menor que em um shopping tradicional, e com os benefícios de um shopping, como conforto e segurança. Minimercados ‘particulares’  Mais do que produtos de conveniência, como snacks e bebidas, os minimercados que estão se popularizando dentro de condomínios têm produtos para suprir necessidades do dia a dia: arroz, feijão, embutidos, frios, leite, produtos de higiene pessoal e para a limpeza da casa... a lista é extensa. O modelo utiliza autoatendimento.  É isso que uma empresa maringaense oferece. A Conmarket nasceu em 2020, buscou apoio de uma consultoria e acabou de virar franquia, como outras bandeiras que operam principalmente em São Paulo, que detém a maior concentração condominial do Brasil. Foi a primeira a nascer em Maringá e a instalar um minimercado em um condomínio residencial – para o condomínio o custo é zero, inclusive recebe reembolso da energia elétrica.  A marca possui unidades residenciais e dentro de empresas. São 25 distribuídas entre Maringá, onde fica a matriz, em Londrina/PR, Itajaí/SC, Balneário Camboriú/SC, Itapema/SC e em Orlando, na Flórida, nos Estados Unidos – está em negociação para o condomínio Alphaville, em Barueri/SP. Além disso, a franquia conta com licenciados com previsão para começar a atuar em breve em Campinas/SP e em Passo Fundo/RS. “Cada franqueado começará com cinco lojas. A previsão é fechar 2024 com cem lojas com a nossa bandeira”, diz o cofundador da empresa, Bruno Ribeiro.  Como diferencial, Ribeiro afirma que a marca entrega preços próximos aos do varejo tradicional, além de centenas de produtos – o objetivo é alcançar mais de 500 tipos. O tíquete médio tem sido de cerca de R$ 400 por mês por família. Diante do consumo, o reabastecimento acontece quatro vezes na semana e os cinco funcionários têm trabalhado em escalas de 12 por 36 horas para suprir a demanda. “É uma operação superenxuta. Temos crescido em média 28% ao ano, acima da nossa expectativa, que era 18%.” Das prateleiras à tecnologia utilizada no autoatendimento, tudo é desenvolvido pela empresa, já que Ribeiro traz na bagagem, além da experiência de síndico, a de programador. “É meu quinto empreendimento. Minha esposa, sócia, também traz quinze anos de experiência em banco público, emprego do qual abriu mão para se dedicar ao negócio. Apostamos tudo e tem dado certo”, comemora.

Sustentabilidade sobre rodas

Números animadores e potencial de crescimento movimentam mercado de veículos elétricos, mesmo diante do desafio de aumentar os pontos de recarga Se no início a novidade gerou até um pouco de apreensão, a venda de carros elétricos chineses se mostrou certeira para Paulo Barros, diretor Operacional da E-brun, concessionária da GWM em Maringá e cidades do interior do Paraná. As preocupações iniciais eram com o potencial de mercado e que os consumidores vissem os carros como de “segunda linha”. Desde o fim de 2022, quando a concessionária foi aberta, Barros e a equipe da Zacarias, que administra a E-brun, vivenciam a alta performance e o design dos carros, que estão caindo no gosto dos consumidores.  Ao andar pelas ruas da cidade, é possível perceber que a frota de veículos elétricos está crescendo. O modelo da GWM que está contribuindo para este aumento é o Haval, um SUV híbrido que custa entre R$ 224 mil e R$ 320 mil. Disponível para venda pela E-brun desde o final do ano passado, outro modelo promissor é o Ora03, compacto 100% elétrico de R$ 150 mil.   Para Barros, além do desempenho e do design, o modelo de negócio surpreende e, por isso, o maior vendedor dos carros elétricos é o próprio cliente, que se encanta com a experiência de compra. “Acredito que estamos vivendo mais do que uma evolução, trata-se de uma revolução. Este novo modelo de negócio permite que a compra seja efetivada de forma 100% online. Além disso, nas lojas há reconhecimento facial, telões e painéis digitais. Mesas deixaram de existir e tudo é tratado em lounges, permitindo mais proximidade com o cliente”, explica.  Se o desafio inicial era mostrar os benefícios da eletrificação em detrimento dos modelos tradicionais, o caminho está sendo percorrido com sucesso e quem prova são os números de venda. Em 2023, a meta era vender 30 unidades por mês entre Maringá e Londrina, mas a média foi de 52 unidades. “Só na Black Friday vendemos 60 carros, o dobro da meta, e dezembro foi ainda melhor: foram 114 unidades”, comemora.   Sobre o perfil dos clientes, Barros reconhece que também se surpreendeu. Além de consumidores de 32 a 55 anos, o público com mais de 60 anos tem se interessado por carros elétricos. “É uma quebra de paradigma”, afirma.   Mais de 420%  O gerente comercial do Grupo Servopa, André Duarte, também tem motivos para esperar um ano de boas vendas. A concessionária que representa as marcas Honda Prix, Volkswagen e Audi inaugurou na avenida Bento Munhoz da Rocha Neto uma loja da BYD, marca chinesa de carros elétricos. Antes da abertura da loja, no fim de fevereiro, a concessionária já registrava números animadores de vendas.   Os destaques foram os quatro últimos meses de 2023, com crescimento de 423% em relação aos primeiros oito meses do ano. Até agosto foram vendidos no Paraná 151 carros elétricos, em setembro foram 115, em outubro as vendas subiram para 139, em novembro aumentaram mais uma vez, chegando a 218, e em dezembro bateram o recorde de 318 unidades. “E para 2024, no país, a previsão é de 60% de crescimento nas vendas de carros elétricos em relação a 2023,” afirma.  Quem está puxando a fila das vendas é o modelo Dolphin, que custa em média R$ 150 mil. No entanto, a marca tem outras opções de R$ 179 mil, R$ 229 mil a R$ 550 mil, entre modelos 100% elétricos e híbridos. “Além disso, vamos ter o lançamento do Mini Dolphin que virá com preço atrativo, na faixa de R$ 100 a R$ 110 mil”, afirma.  Duarte reconhece que apesar do crescimento exponencial existem menos pontos de recarga do que o necessário, e esta talvez seja uma das preocupações de quem cogita investir em um modelo elétrico. No entanto, ele é otimista. “Modelos como o Dolfin e demais elétricos vêm com carregador de parede que o cliente faz a instalação em casa, e os híbridos vêm com carregador portátil que requerem apenas uma tomada simples e aterrada. Há ainda a previsão de que em 2024 sejam instaladas no país cerca de 2,5 mil estações de recarga públicas e semipúblicas”, explica.  Veículos comerciais elétricos  No mercado de veículos desde 1972, o Grupo Trevisa, com matriz em Maringá, se consolidou no Paraná com a venda de carros e caminhões convencionais. Segundo o sócio executivo do grupo, Alexandre Faride, a Trevisa constatou forte movimentação para introdução no mercado nacional de veículos elétricos comerciais e entendeu que também precisava ter o produto à disposição dos clientes. Por isso, em 2019, após o fechamento da fábrica da Ford no Brasil, passou a trabalhar com a marca chinesa Foton, que comercializa caminhões elétricos de pequeno porte. “Diante dessa tendência mundial, não podíamos perder a oportunidade de fechar negócios e oferecer as melhores soluções em transporte”, afirma. Por enquanto, o grupo tem três opções à venda: um modelo da Foton com capacidade de até seis toneladas, que custa cerca de R$ 460 mil, e outros dois da marca Hitech-e com capacidade de 800 e 400 quilos, com carroceria ou baú fechado. Essas opções, por serem menores, têm preços mais acessíveis: R$ 199 mil e R$ 160 mil, respectivamente. Outros dois modelos da Foton ainda estão em processo de homologação para depois terem a venda liberada no Brasil. As perspectivas são positivas. Segundo Faride, na primeira leva chegaram ao Brasil cerca de cem veículos da Foton, destes, três foram vendidos no Paraná em três meses. Já para a segunda remessa prevista para meados de abril, estimam-se de 150 a 250 unidades, com venda de cinco a dez unidades em menos de dois meses.  Os números podem parecer tímidos, mas Faride explica que o mercado de veículos comerciais elétricos, apesar do enorme potencial, tem especificidades e desafios. Em primeiro lugar, o custo em relação aos modelos convencionais, a diesel, por exemplo, ainda é expressivo. Enquanto um elétrico chega a R$ 460 mil, um modelo convencional do mesmo PBT (capacidade máxima de transporte de um caminhão) é encontrado por cerca de R$ 280 mil. Outro desafio é a infraestrutura de carregamento, ainda insuficiente para a demanda, que é um desafio comum aos carros de passeio. E, por fim, a autonomia que não passa de 300 quilômetros. “Para fins comerciais, são veículos que têm ótimo desempenho na cidade ou para deslocamento até cidades próximas. Já para viagens longas o ideal seria um modelo híbrido, ainda não disponível no mercado”, esclarece.  Bikes, patinetes e scooters  No mercado de mobilidade elétrica desde 2019, o empresário e gerente de vendas, Thiago Henrique Marion, tem visto os negócios crescerem de forma consistente. Ele começou com a loja Skylane e um mix de dez produtos entre scooters e patinetes elétricos. De 2022 para 2023, as vendas cresceram 40%. Hoje são, em média, 40 unidades por mês. Marion deu mais um passo importante: há poucos meses a loja se tornou representante oficial da Motochefe, a principal importadora de scooters elétricas do país.  A loja, hoje, tem mais que o dobro do tamanho inicial. São cerca de 120 metros quadrados, quatro funcionários, dois sócios e um mix de 25 produtos. “Além do público jovem que não tem carteira de habilitação, depende de aplicativos e não tem a intenção de comprar um carro, temos alcançado pessoas mais velhas que buscam praticidade e economia”, explica.  Há pouco mais de um ano, com o mercado aquecido e a falta de assistência técnica especializada, Marion se lançou no desafio de prestar o serviço e deu certo. “Hoje, em outro endereço, conseguimos oferecer suporte tanto para os nossos clientes no pós-venda quanto para outros proprietários de scooters, patinetes e triciclos”, diz.  Para este ano o empresário estima pelo menos 30% de aumento no volume de vendas, apostando em dois fatores: o aquecimento das vendas de carros elétricos, que segue tendência mundial e, por consequência, aquece o mercado dos micromodais elétricos, e o segundo são as vendas corporativas. “Já fechamos contrato com uma grande empresa de móveis que vai premiar os funcionários com nossos produtos e também com uma empresa de seguros. Acredito que este seja um caminho interessante que vai nos ajudar”, diz.

Solidariedade: impacto de mão dupla

Da doação de órgãos à dedicação de conhecimento para melhorar a saúde de pessoas de baixa renda, generosidade é transformadora “Foi um verdadeiro presente”. É desta forma que a jornalista Lethicia Cristina Conegero define a notícia de que era 100% compatível com um paciente que estava na fila por um transplante de medula óssea. O chamado para salvar uma vida aconteceu dez anos após o cadastro no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). “Estava em um shopping quando a equipe me ligou e informou que havia a possibilidade de que eu fosse compatível. Perguntaram se eu gostaria de seguir com o processo para confirmar a compatibilidade. Não consegui segurar a emoção e comecei a chorar”, conta.  A certeza do sim se deve muito ao motivo que levou a jornalista a se tornar doadora, em julho de 2012, quando morava em Umuarama. À época, a amiga de infância, Isabella Velasquez Matumoto, tratava leucemia. “Por acompanhar a luta e pela esperança de ser compatível com ela me tornei doadora. Inclusive, a Isa e a família dela se tornaram símbolo da luta contra a leucemia e do incentivo à doação de medula. A força e a resiliência dela impactaram muita gente”, afirma.  Isabella perdeu a luta para o câncer, mas deixou um legado.  Lethicia não só se tornou doadora como incentiva outros a se tornar. Aliás, quando se cadastrou, teve a companhia dos pais. “Fomos juntos ao Hemocentro. Foi simples e rápido. Só precisei preencher um cadastro e coletar uma amostra de sangue. A partir daí eu estava no banco internacional de doadores e se houvesse compatibilidade com algum paciente, receberia o contato”.  O aguardado contato ocorreu em junho de 2022. Na mesma semana em que recebeu a ligação, Lethicia foi ao Hemocentro de Maringá e coletou sangue para os exames, que confirmaram a compatibilidade. O procedimento ocorreu em outro estado, não divulgado por questão de sigilo, em um hospital de referência. Lethicia fez duas viagens, primeiro para fazer os exames de saúde e depois para a coleta da medula, em julho de 2023.   A logística e todas as despesas foram organizadas e custeadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tanto para Lethicia como para o pai, que a acompanhou. Somadas as duas viagens, ida e volta, foram cerca de quatro mil quilômetros e oito voos em menos de um mês. “Foram muitas pessoas incríveis envolvidas no processo: a equipe do Redome, os profissionais de saúde do hospital, minha família e amigos. Muita gente me apoiou, se emocionou e torceu”, celebra. Agora, a jornalista vive a expectativa de conhecer o “irmão de medula”, como chama o receptor ainda desconhecido. A revelação da identidade só poderá acontecer no início de 2025 se ambas as partes quiserem. “Não sei se é criança ou adulto, se é homem ou mulher nem onde mora. Só sei que a minha medula é 100% compatível e agora temos o mesmo tipo sanguíneo. Quero muito conhecê-lo, dar um abraço forte nele e nos seus familiares e dizer que me orgulho da sua luta”, projeta.   Lethicia diz que a experiência deu mais sentido à vida. “Existe algo de mágico em doar um pedaço de si. Aliás, ajudar o próximo, seja como for, é mágico. Não existe nada similar ao sentimento de fazer o bem”, finaliza. Vida nova  Se para quem doa, a vida toma novo significado, para quem recebe, a vida se torna viável. “Percebi, naquele momento, que nunca tinha respirado direito”. Esta foi a sensação de Gabriel Chiochetta, após passar por um transplante de pulmões, em junho de 2017. Ele nasceu com fibrose cística, genética, que compromete o funcionamento dos pulmões, é progressiva e pode impor o transplante como única esperança, pois não tem cura.  Chiochetta lutou bravamente para diminuir o impacto das limitações causadas pela doença. Viveu uma rotina intensa de fisioterapias pulmonares, medicamentos, exercícios físicos e incerteza, o que não o impediu de se tornar advogado, empresário, de se casar e ser pai.  Mas após internações de repetição por pneumonia, por meio da Secretaria de Saúde de Maringá foi encaminhado para triagem na Santa Casa de Porto Alegre/RS. Aos 32 anos, em 2016, ingressou na lista e aguardou os órgãos por um ano e três dias, tendo passado a viver na cidade, com suporte de oxigênio e visitas regulares ao hospital.  O que colocou fim à interminável espera foi a solidariedade de uma família que acabara de perder um ente. “Precisava de dois pulmões, e eles chegaram. Foram 12 horas de cirurgia. Cada dia que acordo, não tem como não lembrar que uma família salvou minha vida. Como foi bom respirar de verdade”, diz. Após seis meses de reabilitação, Chiochetta voltou a morar em Maringá. Viaja para Porto Alegre a cada seis meses para acompanhamento. “Não tem comparação. Tomo imunossupressor de manhã e à tarde. Bebo bastante água, faço exames, além de atividade física, como qualquer um precisa para ser saudável. Estou bem. Depois do transplante, vida plena.” Ele ajuda na conscientização sobre a doação de órgãos desde o pré-transplante. “Quando as pessoas declaram que desejam doar órgãos caso tenham morte cerebral, as famílias respeitam a vontade. É uma forma de seguir dando vida a outras pessoas.” Além de estimular a doação, em 2022, ele ajudou a construir no Hospital Universitário de Maringá (HUM) um centro de acolhimento para famílias de possíveis doadores e médicos que trabalham na captação de órgãos. Todo o mobiliário foi doado pela empresa do advogado. “Hoje aos 39 anos, a retribuição não é nada diante dos pulmões, do irrestrito apoio da minha esposa e dos meus pais. O sistema de transplantes é excelente, profissionais excelentes cruzaram meu caminho, assim como pessoas generosas.” Orientação e pesquisa O engajamento para o voluntariado acompanha a dermatologista Sineida Berbert Ferreira desde a infância. “Tive forte formação cristã. O trabalho voluntário sempre esteve presente na minha família”, conta. A vontade de ajudar o próximo e fazer o bem se fortaleceu nos anos em que frequentou colégios católicos de Nova Friburgo/RJ. Lá, participou de ações solidárias nas comunidades carentes. Quando cursou Medicina, em Niterói, sempre arranjou tempo entre as aulas e os estudos para levar informações de saúde à população. Já formada, Sineida se mudou para Maringá e aqui seguiu com as ações de voluntariado. Em 2009, iniciou um trabalho no Encontro Fraterno Lins de Vasconcellos, dedicado à assistência de famílias carentes e à capacitação de jovens.  Inicialmente, contribuiu com consultas médicas e, depois, com a organização de eventos, que mobilizavam profissionais de dermatologia, enfermagem e odontologia, além de maquiadores. “Era um dia inteiro dedicado aos cuidados sobre saúde bucal, com a pele, cabelos e até automaquiagem, bem como informações sobre doenças sexualmente transmitidas. Eram atendidos até 250 jovens num dia”, diz.   A dermatologista também foi uma das idealizadoras do Caminhão da Psoríase que, entre 2015 e 2016, percorreu cidades levando informação sobre a doença em parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia e apoio do laboratório L’oreal. Um caminhão foi adaptado e serviu como sala de palestras, auditório e espaço de triagem para casos de psoríase, posteriormente encaminhados para atendimento ambulatorial.  Entre 2009 e 2020, muitas manhãs de sábados da dermatologista foram no ambulatório montado na instituição, atendendo pacientes de baixa renda com doenças dermatológicas. Ela também teve inúmeras participações em palestras e campanhas sobre doenças de pele, algumas com distribuição de filtros solares. A dermatologista ainda encontrou tempo para ajudar a criar a Associação Paranaense de Pessoas com Psoríase (Psoripar) e coordenar o Grupo de Apoio Permanente da Sociedade Brasileira de Dermatologia em dermatite atópica e psoríase. “Recentemente, tivemos a iniciativa de propor a lei estadual de dermatite atópica no Paraná, que facilitará o diagnóstico precoce e tratamento”, conta. “O voluntariado é um trabalho de formiguinha. Cada um pode fazer um pouco e ao final conseguimos impactar um número significativo de pessoas”, conclui. Expertise ao dispor da comunidade A oftalmologista Edna Almodin, com vivência internacional e liderança da área, dedica a expertise não apenas ao atendimento privado, mas a iniciativas sociais. Desde a chegada a Maringá, em 1995, vem desenvolvendo ações que promovem o acesso à saúde ocular. Entre suas iniciativas está a organização do Congresso Internacional de Atualização em Oftalmologia, realizado por 16 anos em Maringá, que reunia médicos de diversos países, oferecendo atualização profissional e aprimoramento técnico para oftalmologistas locais e regionais. Os lucros eram revertidos a entidades médicas e contribuíam para o avanço da oftalmologia no Brasil. Edna ainda promovia cirurgias ao vivo durante os eventos, dando a pacientes sem condições financeiras a oportunidade de recuperar a visão gratuitamente.  Com o avanço da internet, os congressos presenciais passaram a ser diferentes. A médica, então, passou a organizar campanhas anuais focadas em glaucoma, ceratocone, acuidade visual e erros refracionais em crianças, realizadas em parceria com entidades médicas, associações, órgãos públicos, colegas e empresas do setor, o que possibilitou a doação de óculos.  Com tempo, o ceratocone, doença oftalmológica progressiva que afeta principalmente os jovens, tornou-se uma das principais preocupações de Edna. Por meio de campanhas, ela busca diagnosticar e tratar precocemente o problema, oferecendo procedimentos como o implante de Anel de Ferrara – o médico criador da solução, Paulo Ferrara, veio a Maringá apoiar as ações. O anel tem se mostrado eficaz no controle da doença e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.  A campanha do ceratocone atingiu 419 pacientes em 2023. “Operamos 43 pacientes gratuitos com recursos do nosso hospital e doação do Anel de Ferrara. Em 2023, a fila diminuiu para 216 atendimentos, e operamos 29 pacientes. Este ano temos intenção de fazer em parceria com a prefeitura, para que possamos selecionar pacientes enviados da região que estão na fila. “É gratificante ver que deixo um legado para muitas pessoas viverem melhor, tanto na medicina privada quanto na social. Cumpro meu dever como médica estudando e tentando trazer a melhor medicina para nossa cidade e região, sem distinção de atendimento.”  

Ver mais

ACIM - ASSOC. COM. E EMPRESARIAL DE MARINGÁ, CNPJ 79.129.532/0001-83, RUA BASÍLIO SALTCHUCK, 388 CEP 87.013-190 CENTRO - MARINGÁ PR

Cookies: nós guardamos estatísticas de visita para melhorar a sua experiência no site. Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.