Quanto vale a sua empresa?

1 Materia de capa matheus cr®dito ivan amorin 3

de atuação e objetivo do empreendedor. Uma startup em crescimento acelerado, por exemplo, tende a ser avaliada com base em seu potencial de expansão e inovação, enquanto uma empresa consolidada pode se apoiar em dados históricos e resultados recorrentes.

Mas o valuation não é um exercício isolado. “Embora seja uma das principais, o valuation não é a única ferramenta. Existem outras maneiras de se avaliar um negócio de acordo com as particularidades da empresa”, pontua Frizzo.

Segundo o advogado, há situações em que é preciso ponderar o ramo de atividade, ativo imobilizado, mercado consumidor e a exclusividade ou inovação do produto. E isso só pode ser analisado e mensurado considerando as características e individualidades da empresa e do mercado.

“Empresas que, neste momento, não têm uma avaliação alta, podem ter potencial de valorização muito alto se considerarmos a possibilidade de crescimento, mercado, exclusividade do produto e particularidade do mercado consumidor. Isso precisa ser capturado em um eventual laudo de avaliação”, explica.

Por outro lado, há empresas em situação contrária: que estão exauridas ou operando em sua capacidade máxima, não possuem capacidade ociosa e não apresentam possibilidade de crescimento. Há ainda empresas cujo patrimônio é relevante, como no caso de imóveis, mas cujo retorno ou rendimento não é proporcional ao capital investido. “Nesses casos, a avaliação deve seguir outros critérios, como a avaliação patrimonial”, recomenda o advogado.

Para um resultado assertivo, ele aconselha que a avaliação – due diligence – seja feita em duas fases: uma preliminar, que serve para ver se a empresa é comprável, e outra detalhada, para ter uma visão completa da empresa. Neste momento é importante estar assistido de profissionais gabaritados como os da Certezza Consultoria Empresarial e da Frizzo & Feriato Advocacia Empresarial.

Mercado e desejo

Além de fórmulas e estratégias, na hora de calcular o valor de uma empresa é preciso considerar questões econômicas e disposições mercadológicas. “Uma empresa vale quanto o mercado está disposto a pagar por ela. Independentemente das modalidades de avaliação, há períodos em que o mercado está mais agressivo para a compra de empresas, porque vê uma ascensão futura; períodos em que são lançadas teses, como a de consolidação de empresas, grupos e ramos empresariais. Há ainda épocas em que empresas internacionais olham, por exemplo, para o Brasil e veem a possibilidade de complementar a produção de que precisam, diante de uma demanda existente em outras regiões do mundo”, cita Frizzo.

E, por fim, segundo ele, existem aquisições estratégicas, cujo objetivo, por exemplo, é tirar um concorrente do mercado, adquirir uma indústria pronta e começar a produzir imediatamente em vez de esperar três ou quatro anos pela obra, ou comprar uma indústria com 15, 20 anos de histórico de fabricação de um produto para não ter que começar do zero.

“É preciso sempre olhar muito o porquê de o comprador querer comprar, o porquê do vendedor querer vender e o quão estratégica é essa operação, pois o valor real será quanto o comprador está disposto a pagar”, pontua.

De cliente a franqueado

Sócio de uma empresa de consultoria, Matheus Ziermann não tinha planos de diversificar os negócios a curto prazo, mas mudou de ideia quando soube que a Ensina Mais Maringá, escola frequentada pelo enteado, poderia fechar as portas caso o gestor não encontrasse um sucessor.

O interesse surgiu chancelado pela metodologia da franquia de apoio escolar. “Acompanhando a evolução do meu enteado, percebi o quanto a metodologia fazia a diferença”, pontua. Ainda assim, o fechamento do negócio foi precedido de estudo detalhado do modelo de negócio. “Foi uma negociação estruturada com análise e planejamento”, diz Ziermann, que no meio do negócio encontrou outros sócios.

Até o fechamento da compra, em janeiro deste ano, foram cerca de três meses de conversas e reuniões com o antigo gestor e a franqueadora para compreender os detalhes da operação e, principalmente, as diretrizes da franqueadora. “Um dos pontos sensíveis foi entender todas as obrigações contratuais com a franquia. Cada modelo de negócio exige adaptações, e foi importante compreender as limitações e os compromissos para garantir uma gestão alinhada aos padrões da rede, sem perder nossa essência como empreendedores”, conta.

Já a decisão de compra foi respaldada na confiança na metodologia e no mercado promissor. “Ver, na prática, o quanto a Ensina Mais impacta positivamente o desempenho dos alunos foi decisivo. Além disso, Maringá é uma cidade com forte vocação educacional, e o mercado local oferece oportunidades de crescimento”. Outro diferencial apontado pelo empresário é o licenciamento com a Turma da Mônica, o que gera uma conexão com o público infantil e adulto.

Com histórico de atuação na área de consultoria, especialmente na avaliação de empresas e franquias, Ziermann usou a própria experiência para analisar o negócio. “Isso deu segurança para tomar a decisão com base em dados e não apenas na emoção”, afirma.

O valor da aquisição foi inferior ao custo de abertura de uma unidade da franquia. A expectativa dos novos gestores é recuperar o investimento em até um ano. “Cada caminho tem desafios e vantagens. No nosso caso, a aquisição permitiu dar o primeiro passo com uma base tanto em estrutura quanto em alunos. Isso economizou tempo e recursos que seriam exigidos em uma operação do zero. Por outro lado, é preciso reestruturar o necessário para garantir resultados no médio e longo prazo”, finaliza.

Paixão e rentabilidade

Uma franquia estruturada também foi a escolha de Khaled Ouad Barakat no seu ‘retorno’ ao empreendedorismo. Ele vendeu a empresa durante a pandemia e depois de um período sabático, recorreu a uma empresa especializada na compra e vendas de negócios.

“Passei um tempo pesquisando e analisando opções de negócios e investimentos. Vi oportunidades e o Rodrigo, da Internegócios, me apresentou algumas oportunidades pelas quais havia me interessado, mas disse que tinha outra opção bacana”, conta.

A opção era a Pizza Prime, perfeita para um apaixonado por gastronomia como Barakat. “Sempre tive paixão por gastronomia, mas nunca tinha empreendido no ramo”.

Barakat iniciou as conversas com o ex-proprietário da pizzaria em junho de 2024. As conversas avançaram após a análise da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), relatório financeiro que mostra o desempenho econômico da empresa, apontando lucro ou prejuízo, detalhando receitas, custos e despesas. “Os números estavam legais e a empresa estava em crescimento. O processo foi rápido: levou menos de dois meses”, revela Barakat.

Mesmo convencido da saúde financeira da pizzaria, ele fez questão de conhecer o negócio in loco e passou alguns dias acompanhando o movimento. “A franquia também deu suporte. Então, assumi o negócio sabendo o que tinha pela frente, sem nenhuma surpresa”, afirma Barakat, confiante de obter em breve o retorno do investimento de R$ 350 mil.

Sobre a escolha de uma franquia estruturada, o empresário afirma que no caso da Pizza Prime foi melhor do que estruturar uma do zero. Entretanto, nem sempre isto é regra. “Tem que fazer uma análise complexa, considerando a opinião de quem é cliente sobre o que pode ser feito para melhorar em relação à qualidade, divulgação e atendimento”, conclui.

Avaliação de bom negócio

Abrir um negócio ou comprar um existente é uma dúvida recorrente entre aqueles que vislumbram um empreendimento. A resposta depende dos objetivos, perfil, recursos disponíveis e, principalmente, das opções de compra. De forma geral, ao adquirir uma empresa em funcionamento, o comprador minimiza riscos relacionados à burocracia inicial, validação de produto, formação de equipe e conquista de mercado.

“O comprador quer saber a vantagem de comprar um negócio, principalmente se o valor do investimento for o mesmo ou próximo de iniciar algo do zero. Portanto, a empresa à venda precisa justificar seu preço com base em resultados consistentes e escaláveis, não apenas pelo investimento histórico ou patrimônio físico”, pontua Kaue Marcio Melo Myasava, sócio diretor da Internegócios, que fez mais de mil negociações com valores que ultrapassam a marca dos R$ 400 milhões.

“Damos amparo ao vendedor em relação à apresentação e valuation da empresa até a busca por interessados. Acompanhamos desde o filtro de possíveis compradores à celebração do contrato e transição operacional”, explica Myasava, acrescentando o compromisso com a confidencialidade. “Não basta que o negócio seja lucrativo. É fundamental avaliar se ele faz sentido estratégico, financeiro e operacional para o comprador”, pontua.

Myasava explica que, independentemente do quanto o proprietário original tenha investido no negócio, o valor para o comprador está diretamente ligado ao desempenho e ao potencial futuro da empresa.

Outro ponto que precisa ser ponderado é a velocidade de retorno. “O payback, ou seja, o tempo que leva para recuperar o investimento, é um fator decisivo; quanto menor, mais atraente é a operação.”

O processo de negociação leva, em média, de três a nove meses, podendo ser mais rápido ou demorado conforme a complexidade do negócio, o setor e as particularidades da operação.

Últimas Notícias